A famosa
gravação de Espinho, em que uma professora se dirige aos alunos de um modo grosseiro e perverso, demonstra bem os novos tempos em que vivemos. Tempos em que todos corremos o risco de, por uma falha mais ou menos grave, sermos sujeitos à exposição pública, à crítica e mesmo à chacota geral. E, quando digo "geral", não me refiro aos colegas de trabalho, ou ao círculo de amigos e conhecidos mais próximos, mas sim a todo um país e além, sem que possamos fazer absolutamente nada para nos defendermos, direito à defesa esse que, por princípios morais e éticos, é, teoricamente, próprio de qualquer um.
São tempos em que todos, ou quase, vigiam todos. Tempos em que os fins justificam os meios e em que o risco de exposição mediática se está a transformar num autentico mecanismo de auto censura totalitário. É o pesadelo de "1984", de George Orwell, que se adivinha próximo.
Do meu ponto de vista, o assunto teria que ser resolvido na escola. Com a professora, os alunos, os encarregados de educação, os colegas, eventualmente a Inspecção Geral de Educação e, se existisse matéria para procedimento disciplinar, que se actuasse. Não foi isso que aconteceu. Pelo contrário, os alunos fizeram justiça pelas suas próprias mãos, o que mostra até que ponto a escola lhes está entregue.